Madrugada gelada no Paraná

A madrugada desta terça (20) trouxe mais frio, com temperaturas muito baixas em todo o Paraná.

Os termômetros desceram rápido e indicaram a formação de geada mais uma vez, em todas as regiões.

Segundo o Simepar – Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná, a causa desse clima gelado é uma massa de ar frio e seco, que está sobre todo o estado. Na divulgação das temperaturas mais baixas da madrugada desta terça, a menor foi registrada em General Carneiro, no sul, com -7.8°C.

Na madrugada de segunda, as estações meteorológicas do Simepar já tinham registrado recordes de temperaturas baixas, como no município de Pinhão, no centro-sul, com -4.5°C e Entre Rios, distrito rural de Guarapuava, também no centro-sul, que registrou -4.4°C.

Alguns municípios onde a Integrada tem regionais também contam com estações meteorológicas do Simepar. Nesses locais, as temperaturas mais baixas na segunda, foram registradas em Guaíra, com 0.2°C e Cornélio Procópio, que registrou 2.0°C.

GEADA 

O meteorologista do Simepar, Samuel Brum, informou que o frio intenso no Centro-Sul e no Oeste paranaense, favoreceu a geada em diversos municípios. “No Sudoeste e nos Campos Gerais houve confirmação de geada branca. Para confirmação de ocorrência ou não da geada negra será preciso mais alguns dias”, destacou.

A geada negra ocorre quando o ar está muito seco e a planta morre antes da formação e congelamento do orvalho. ”Acontece quando a atmosfera tem baixa concentração de vapor d’água e a perda radiativa é intensa, causando resfriamento acentuado da vegetação, chegando à temperatura letal”, explica o especialista.

A geada negra é uma triste lembrança na memória dos paranaenses. Ocorreu em 1975 e dizimou as imensas áreas com café no estado. A falência da cultura, na época, acabou estimulando o plantio das chamadas lavouras brancas, ou sazonais, como soja, milho e trigo.

Mas, o evento trágico também revelou a garra do produtor rural paranaense. Hoje, estamos entre os principais produtores dessas e de outras culturas. O cooperado da Integrada tem um papel fundamental nesse cenário, afinal colhemos 1% de toda a safra nacional de soja e milho. E, o café ressurgiu nas mãos de descendentes de antigos produtores, e cativou novos apaixonados pela cultura.

Hoje, o café do Paraná é reconhecido pela qualidade, dentro e fora do país.

QUARTA, SEM GEADA NO CAFÉ

Para a madrugada de quarta (21), os serviços de meteorologia mantêm a previsão de temperaturas baixas, mas, o Simepar indica que o fenômeno climático não deve ocorrer nas regiões Norte e Noroeste, onde estão as principais lavouras cafeeiras do Paraná. Inclusive, uma nebulosidade registrada na madrugada desta terça impediu quedas mais bruscas de temperatura no Norte.

As mudas de café com até seis meses devem ser desenterradas assim que o frio mais intenso passar. As plantas jovens, de até dois anos, podem ficar com a camada de terra na base do caule até setembro, orientam os especialistas do IDR-Paraná.

As geadas continuam previstas para as regiões Sudoeste, Sul, Centro-Sul, Campos Gerais e Metropolitana de Curitiba, em intensidades diferentes.

Na região Oeste, o frio continua, mas pode haver aumento de nebulosidade e cair uma chuva leve na fronteira com o Paraguai e Argentina.

A massa polar deve se afastar do Paraná ao longo de quarta-feira, com aumento razoável nas temperaturas. Porém, o tempo permanece seco, com baixa umidade relativa do ar.

AVALIAÇÃO TÉCNICA

Com a colheita do milho em andamento, as lavouras afetadas pelos dois eventos de geada estão em avaliação pelos agrônomos da Integrada, assim como pelos técnicos do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab). O mesmo ocorre nos cafezais.

O trigo que entrou em fase de espigamento pode ter sentido essa segunda ocorrência de geada no Paraná. Mas, também é preciso esperar alguns dias para que a real situação das lavouras seja estabelecida. 

NÚMEROS OFICIAIS

Nesta quinta (22), o Deral deve publicar o relatório semanal atualizado, com informações de avanço de plantio, colheita, fases e condições das lavouras.

No relatório disponível, o milho aparece com 4% da área colhida, 46% em condições ruins, 44% em médias condições e apenas 10% do cereal em boas condições.

Em relação ao trigo, 95% das lavouras estavam em boas condições e 5% em médias condições. Importante destacar que os dados foram colhidos com 90% do cereal ainda em desenvolvimento vegetativo.

O café estava com 43% da área colhida, 23% em médias condições e 75% em boas condições. Da área total com o grão, 99% estavam em maturação.

O balanço oficial, com possíveis perdas nas lavouras pelas duas geadas deve ser divulgado no fim do mês, pelo Deral.