Paraná planeja mapear áreas sensíveis para combater a deriva de defensivos agrícolas

Reunião durante a Expoingá definiu medidas conjuntas para reduzir impactos dos herbicidas hormonais, com foco na cultura da uva em Marialva e nas regiões que apresentam culturas sensíveis no Paraná

O enfrentamento da deriva de defensivos agrícolas no Paraná ganhou um reforço durante a Expoingá 2025. Em uma reunião com representantes de cooperativas, revendas, entidades técnicas e órgãos reguladores, a Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná) decidiu iniciar o cadastramento de propriedades com cultivo de uvas no estado, com o objetivo de mapear a localização e as características das parreiras, permitindo o planejamento de ações preventivas e educativas voltadas à redução dos impactos causados por esses produtos.

A medida busca prevenir os danos causados pela aplicação de herbicidas hormonais, que têm provocado prejuízos especialmente em regiões próximas a Marialva, reconhecidas como principal polo de produção de uva do estado.

Mesmo sem atuar diretamente com a cultura da uva, a Integrada fez questão de participar da discussão, por reconhecer que o problema da deriva de defensivos agrícolas vai além de um único cultivo. Seus efeitos também alcançam outras lavouras sensíveis como plantas ornamentais, frutíferas e, também, soja, milho, trigo e outras culturas.

Durante a reunião, o coordenador técnico das regionais Maringá, Astorga e Arapongas, Ivan José da Cruz, que esteve presente ao lado do engenheiro agrônomo Kelvin Henrique Vieira, apresentou uma sugestão considerada estratégica para mitigar os efeitos dos danos causados a estas lavouras sensíveis. Ele sugeriu a implantação de um sistema de mapeamento das áreas agrícolas com o objetivo de identificar previamente regiões com cultivos mais vulneráveis à ação de herbicidas hormonais, permitindo uma atuação mais cuidadosa nas aplicações “já fazemos esse mapeamento e o resultado é muito satisfatório. Com todas as lavouras mapeadas teremos uma maior assertividade na localização das áreas com culturas sensíveis. Com essas informações em mãos, conseguimos orientar melhor os produtores e adotar medidas preventivas para proteger as lavouras suscetíveis”, explicou o coordenador técnico.

A contribuição técnica da cooperativa foi bem acolhida e, poderá ser implementada em todo o estado, como parte de uma estratégia mais ampla de prevenção “a Adapar entende que não pode resolver essa questão sozinha. Por isso, propusemos esse encontro com o setor produtivo e saímos otimistas com os encaminhamentos. Nosso objetivo é que, já na próxima safra da uva, tenhamos ações mais efetivas para proteger as lavouras”, afirmou Renato Young Blood, diretor de defesa agropecuária da agência.

 Leandro Dadalt, chefe da Divisão de Controle de Agrotóxicos da Adapar reforçou a urgência do tema. Segundo ele, várias inspeções já foram feitas em pulverizadores utilizados na região e embora tenham sido recomendadas adequações técnicas — como o uso de pontas com gotas mais grossas — os danos às plantas continuam ocorrendo “conseguimos reduzir os casos mais graves, mas os efeitos da deriva ainda estão presentes. Precisamos encontrar uma forma eficaz de lidar com isso”, ressaltou.

Outro ponto abordado foi a ampliação das inspeções dos pulverizadores dando ênfase na orientação aos produtores vizinhos para a conscientização das boas práticas de uso e aplicação dos defensivos agrícolas.

Uma nova reunião está prevista para o mês de junho, com a participação de representantes das indústrias de defensivos e das empresas responsáveis pela comercialização de herbicidas hormonais “a sugestão é que haja um acompanhamento mais próximo das empresas, com foco no monitoramento e na avaliação do real grau de volatilidade desses produtos. Isso porque, embora pertençam à classe dos hormonais, alguns herbicidas disponíveis no mercado apresentam menor volatilidade, o que pode contribuir, juntamente com outras práticas, para a redução dos riscos de danos às lavouras sensíveis”, informou Ivan José da Cruz.

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