Ver o café quentinho deslizando pela boca da garrafa, a fumaça aromática subindo e perfumando o ambiente, e depois, sentir o sabor em diferentes notas, é tudo o que muitas pessoas conhecem sobre a bebida.
Sim, valorizar cada aspecto do café, no momento do consumo, é importante e prazeroso.
Mas, igualmente, a transformação do grão é cheia de detalhes, passa por etapas minuciosas, exige o emprego da sensibilidade.
No entanto, na maioria das vezes, essa “engenharia” toda fica restrita aos profissionais ligados diretamente à produção.
Segundo o censo agro 2017, do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, na análise do percentual de pessoas que consumiram qualquer quantidade dos alimentos informados nas 24 horas anteriores à entrevista, as maiores frequências de consumo alimentar foram do café (78,1%), arroz (76,1%) e feijão (60,0%).
E, entre os alimentos com as maiores médias de consumo diário per capita, o café também aparece em primeiro lugar.
É certo que a qualidade da bebida está diretamente ligada à qualidade da produção do grão. Na área da Integrada, a alta performance é obtida com mais assertividade sob o aconselhamento da equipe de agrônomos qualificados.
Cada profissional orienta o produtor quanto à variedade adequada para o clima e solo da região atendida, plantio na época ideal, conforme o clima do local, mudas com sanidade certificada, manejo com tecnologia, como adubação no volume ideal, poda estratégica. São medidas que fortalecem o potencial do cafezal. No mais, é esperar boas condições meteorológicas.
Paraná – café 100% arábica: sabor, aroma e mercado
Após a colheita, o café é levado para o beneficiamento, no Complexo Industrial da Integrada, em Londrina. No Paraná, 100% das lavouras são de café arábica, classificado como espécie rica em sabor e óleos aromáticos, pela ABIC – Associação Brasileira da Indústria de Café.
Uma visita à unidade de processamento de café da Integrada revelou o cuidado com o tratamento dos grãos.
O mesmo cuidado também é dedicado aos grãos que formam o “blend”, a receita de sucesso do café Coperatto.
O encarregado de beneficiamento da Integrada, Adalbino Pedroso, informou que a equipe de especialistas em café da cooperativa, pesquisou mais de 40 dias antes de chegar ao blend final do Coperatto.
“Foram várias seleções de grãos, testados com diferentes padrões de torra. Acredito que foi atingido o objetivo de colocar no mercado um produto final com diferenciais que o identificam entre outras marcas”, atesta.
Pedroso fala dos cafés da Integrada com a segurança de quem trabalha no ramo há mais de 3 décadas. Baiano, chegou em Londrina, em 1988, em busca de trabalho, sem nunca ter visto um pé de café na vida. “Eu só conhecia café na xícara, na casa de minha mãe”, conta.
Um mês depois de desfazer as malas, já estava empregado em uma cooperativa, trabalhando com café. “Pouco tempo depois, fiz um curso de degustação e fui gostando de conhecer os segredos de se selecionar e beneficiar o grão. Nem percebi, e se foram 35 anos buscando aperfeiçoamento no segmento de café”, constata.
No início, o café Coperatto foi comercializado nas regionais da Integrada, onde ainda está disponível.
E, a qualidade do produto está conquistando rapidamente o mercado varejista. As primeiras revendas a apostarem no Coperatto foram o Supermercados Juliana, em Rolândia, e o Furuta, em Londrina. Este, inclusive, já fez reposição das duas versões, tradicional e extra forte, o que sinaliza a ótima aceitação do café da Integrada pelo consumidor final.
Ricardo Cardoso de Araújo, o “Carneiro”, especialista comercial da Integrada, revela que, em breve, haverá uma equipe de vendas exclusiva para negociar o Coperatto. “Mesmo com o time ainda em formação, já temos mais de 64 pontos de venda em Londrina e região”, comemora Carneiro.
O especialista acrescenta que além da região metropolitana de Londrina, há contato para vendas também no Norte Pioneiro do Paraná.
Carneiro afirma que a conquista do café Coperatto no varejo é histórica para a Integrada. “Estamos celebrando o sucesso do primeiro produto com marca própria da cooperativa processado para o consumo alimentar humano. Estou muito realizado por participar desse momento”.
Carneiro conta que nos contatos de negócios tem percebido o interesse do público pela Integrada. “Comerciantes e consumidores querem saber mais sobre a cooperativa, e ficam impressionados quando repassamos números, que demonstram o tamanho e a força que a Integrada atingiu”, revela.
O “coração” do beneficiamento
Quando o café em côco chega na unidade de beneficiamento, passa pelo maquinário que retira a casca e as impurezas, como grãos defeituosos e resíduos da colheita.
Os equipamentos são projetados para selecionar os grãos por peso, principalmente, já que grãos sadios são mais consistentes em relação a grãos avariados.
E, na mesa densimétrica se revela todo o cuidado do cafeicultor com a lavoura, do plantio à colheita. O equipamento tem um dispositivo intenso de vibração, que promove a separação automática dos grãos íntegros. Ao mesmo tempo, afasta as impurezas e as direciona para outro destino.
No “coração” do beneficiamento, o volume de grãos saudáveis surgindo na seleção vibratória deve ser sempre muito superior à quantidade menos favorável. “Nesse momento, a mesa densimétrica revela a qualidade e, podemos dizer, inclusive, o preço desse café”, compara Pedroso.
Qualidade que é confirmada na mesa de classificação, local onde o encarregado de beneficiamento da Integrada passa boa parte do dia. “Aqui, chegamos mais perto do café, nas mãos reconhecemos todo o investimento do cafeicultor para entregar ao mercado um produto de alto nível”.
É necessário registrar que o Paraná passa por deficiência hídrica há mais de dois anos, o que interfere na qualidade e no volume de toda a produção agrícola, e não é diferente com o café. No entanto, com orientação adequada dos agrônomos, muitas lavouras estão respondendo em produção e qualidade acima da expectativa.
Degustação – sensibilidade e percepção sensorial
Da mesa de classificação, Pedroso tem outra rotina, a sala de degustação. Amostras de café são torradas um ponto antes do padrão de consumo. “Para a degustação, é preciso que a torra favoreça a manifestação de todo o potencial de aroma e sabor do grão, naquelas pequenas quantidades, para que se revelem os chamados atributos do grão”, explica o especialista.
No mármore giratório são enfileirados pequenos recipientes de vidro, todos do mesmo tamanho. E, são dispostos em grupos de 10. Os recipientes são escaldados com água fervente a 100°C. Em seguida, em cada pote de vidro é depositado um pouco de pó, de diferentes lotes. Sobre o pó, água quente, a 30°C.
É preciso sorver uma pequena quantidade de água quente, e em seguida dispensar, para deixar a boca livre de sabores que possam alterar os atributos a serem revelados.
Para quem assiste uma sessão de degustação, a experiência pode parecer estranha. Mas, o ato de sorver um gole com força, para descartar rápido, é fundamental para que as características do líquido sejam extraídas e sentidas pelo paladar e pelo olfato do degustador.
“É um momento no qual depositamos toda nossa expertise para avaliar com justiça os atributos do grão. A degustação pode definir uma negociação”, observa Pedroso.
Do plantio à colheita, um universo singular
Se envolver com café é vivenciar detalhes, revelar segredos, obter refino sensorial, para se atingir a expertise que leva a blends originais e, praticamente, infinitos.
Cada ação influencia na qualidade do grão e da bebida. Plantar determinada variedade, adubar e podar no momento adequado, colher na hora certa.
Cuidado no transporte, acompanhamento do índice de umidade, secagem na temperatura indicada, torrefação ideal para se extrair o melhor sabor, aroma e acidez que vão imprimir personalidade àquela bebida.
Ainda, a qualidade e manutenção adequada dos equipamentos que o grão percorre, o carinho e a dedicação dos profissionais no processo.
Enfim, do plantio à colheita, o café conquista quem se envolve com esse universo único!