Integrada conectada com o futuro do agro

Superintendente participa do segundo debate das Rodadas de conteúdos da Folha de Londrina

Na última quarta (14), o superintendente geral da Integrada, Haroldo Polizel, participou das Rodadas de Conteúdos, evento promovido pela Folha de Londrina. O encontro foi virtual e abordou o tema A Nova Geração do Agronegócio.

Polizel apresentou a visão e o planejamento da cooperativa a partir das ações para inovação no agronegócio ofertadas aos cooperados, e o futuro no campo pautado pela importância do acesso às tecnologias disponíveis. ​

Também participaram do painel a diretora de inovação do Ministério da Agricultura, Sibelle de Andrade Silva, e Marcelo Canteri, docente da Universidade Estadual de Londrina e coordenador de implantação do Centro de Inteligência Artificial no Agro.

Na abertura da rodada, José Nicolás Mejía, superintendente do grupo Folha de Londrina, lembrou que o projeto foi criado para contribuir com o avanço de temas relevantes para o desenvolvimento de Londrina e região. O primeiro debate das Rodadas, em junho, convidou especialistas da área da saúde. Desta vez, o objetivo foi discutir a inovação e o futuro do agronegócio brasileiro.

O mediador foi George Hiraiwa, ex-secretário de estado da Agricultura do Paraná e membro de vários projetos ligados à inovação. George lembrou o pioneirismo de Londrina, na criação da Sercomtel, IPOLON, IAPAR, Embrapa e UEL, que representam vários segmentos. “Leva-se anos para se formar os ecossistemas de inovação e se criar uma cultura empreendedora e inovadora, e acredito que nós temos essa cultura coletiva”.

Os convidados foram questionados sobre o nível de envolvimento do ambiente tecnológico junto à sociedade. Sibelle de Andrade Silva, diretora de inovação do MAPA, informou que uma pesquisa sobre a percepção da sociedade quanto à inovação, mostra que as pessoas percebem o avanço na área da saúde, mas não tanto no agro. “O que é curioso, porque há 40 anos importávamos alimentos e hoje, por meio da consolidação dos ecossistemas, o Brasil exporta oito Brasis, alimenta o equivalente a um Brasil e uma China. Isso só possível com tecnologia, com inovação. Consumimos agro todos os dias porque tem produtor rural empreendendo”.

Sibelle apresentou as cinco diretrizes estabelecidas pelo MAPA para potencializar o agronegócio no Brasil: primeiro, a inovação aberta, para que se estimulem ecossistemas. A diretora de inovação do ministério observou que, mesmo com a pandemia, o agro brasileiro ganhou uma startup por dia. “É um caminho sem volta”.

A segunda diretriz se refere à bioeconomia, através do Programa Nacional de Bioinsumos. Ela relatou que o setor cresce 30% ao ano no país, o dobro do ritmo no exterior. Sibelle atestou a sustentabilidade desses produtos, porque substituem ou complementam os químicos. “E, são uma tendência eficaz. Há bioinsumos que conseguem controlar nematoides, por exemplo. O uso de produtos biológicos tem cada vez mais uso e mais potencial no campo”.

A terceira meta é a sustentabilidade ligada à redução da emissão de carbono, à preservação da água e outros. “O MAPA tem projetos como o ABC – Agricultura de Baixo Carbono, o Plano Safra tem crédito para os produtores com projetos nesse viés, enfim, é um segmento em expansão”.

Sibelle destacou os projetos para mitigação de carbono, como o carne carbono neutro e carne baixo carbono. Ela informou que a Embrapa Soja deve lançar em breve a soja de baixo carbono. Para a diretora do MAPA a sustentabilidade é hoje um valor agregado, “mas, logo será uma exigência dos mercados, especialmente os estrangeiros que estão cobrando cada vez mais essa certificação de sustentabilidade”. Sibelle acrescenta que essa “pegada” do carbono neutro acaba caminhando junto com as ferramentas digitais, pelo processo de certificação auditável, com tecnologia de sensores e rastreabilidade de ponta a ponta. E, adianta, “logo vamos divulgar diretrizes mais específicas sobre a questão do carbono na agricultura”.

O quarto eixo é o da agricultura digital. Como iniciativa concreta, Sibelle citou a Câmara do Agro 4.0, projeto interministerial, em parceira com o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. Esse é um dos pontos mais sensíveis quando o assunto é suporte digital ao campo. Sibelle afirma que “70% do campo não tem boa conectividade, e é preciso políticas públicas nesse sentido. Além disso, é importante capacitar o usuário para a agricultura digital. O produtor deve ter ferramentas inovadoras na mão e saber aplicar esses recursos”.

O quinto eixo são os foodtechs, ou alimentos do futuro. O Brasil tem matéria-prima de excelente qualidade, mas precisa agregar valor a esse produto. “Exportamos café in natura e importamos café gourmet. Essa linha do foodtech deve criar soluções para agregar valor ao produto e melhorar a renda do produtor rural”.

Na sequência do encontro, o mediador solicitou aos participantes relatos sobre os programas de inovação de cada instituição.

Haroldo Polizel falou sobre as ações de inovação da Integrada e apresentou a cooperativa em números. Citou os 11 mil cooperados e 1.900 colaboradores, contou que a cooperativa está presente em 200 municípios no Paraná e São Paulo, que soma 700 mil hectares e 1% da safra brasileira. O superintendente destacou que esse crescimento se deu ao longo de 25 anos, comemorados no ano passado.

Quanto à inovação, Haroldo afirmou que na cooperativa essa movimentação deve estar a serviço da produtividade. “De 40 anos para cá, a produtividade brasileira cresceu mais de 300% e a área de produção em torno de 80%. Fui criado no campo e é visível que a agricultura de 20 anos atrás praticamente não existe mais. Esse salto de produtividade se deu com a adoção de tecnologias e com informação. Os maquinários, o espaçamento, o manejo, tudo passou por um processo de mudança”.

Haroldo acrescentou que a cooperativa é o elo entre esse conhecimento e os produtores. “Estamos entre a academia, as políticas públicas, a pesquisa, os fornecedores. Na Integrada, contamos com um pilar muito forte de sustentabilidade, com mais de 140 agrônomos que levam essa informação para o cooperado. E, quando se produz mais também se contribui para a sustentabilidade, pois se percebe que áreas foram poupadas nesse processo de produção”. O superintendente reforça que produtor é uma das partes mais interessadas no equilíbrio sustentável da propriedade, pois ele depende diretamente da água, do campo, da lavoura. E, destacou o Projeto Nossa Água, premiado pela Agência Nacional de Águas, por incentivar o produtor a preservar as nascentes.

Sobre inovação na UEL, Marcelo Canteri, coordenador da implantação do Centro de Inteligência Artificial no Agro, informou que universidade pública estadual é um patrimônio da cidade. Tem 18 mil alunos, cerca de 13 mil na graduação e 5 mil em pós-graduação. “Estamos na base dessa transferência de tecnologia, até chegar na inovação. Temos nossa agência de pesquisa e inovação, a Aintec, temos a Incubadora Internacional de Empresas de Base Tecnológica da UEL, Intuel, com maioria de alunos da própria instituição. Conhecimento, passa pela inovação e chega ao mercado”.

Os painelistas também conversaram sobre a mudança radical na transmissão de dados a partir da implantação da tecnologia 5G. Dia 12 de agosto uma antena 5G deve ser ativada na Embrapa Soja, aqui em Londrina.

Sibelle admite os desafios de conectividade do país, e tem notícias otimistas para o segmento. “O que mais avançou na pandemia foi a agricultura digital. Autores afirmam que o setor evoluiu cerca de oito anos nesse período. Muitas cadeias produtivas estão trabalhando com block chain, com rastreabilidade”. Por outro lado, ela avalia que o incremento no uso da tecnologia digital trouxe também a demanda de levar internet de qualidade e conteúdo para o campo. “Se por um lado há tratores conectados, sensores que apontam o ponto ideal de irrigação, análises físico químicas do solo, por outro ainda falta conectividade para que as máquinas ajudem o produtor a tomar a melhor decisão”.

Sibelle, comenta, porém, que a tecnologia disponível hoje pode ser melhor aproveitada pelo produtor. “Embora 70% dos produtores tenham pouca ou nenhuma conectividade, cerca de 98% usa aparelhos celulares e 70% são smartphones. Eles podem usar aplicativos para gestão interna da propriedade”.

Entre os projetos de avanço da conectividade no campo, o mais esperado é o lançamento do piloto de 5G, na Embrapa Soja, em parceria com o ministério das comunicações, para se demonstrar o potencial do 5G para o agro. O evento está previsto para o dia 12 de agosto. “O 5G será uma revolução em termos de conectividade, internet das coisas. Mas o edital, conduzido pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, exige que as operadoras que vencerem, terão que levar o 4G para áreas ainda não contempladas no campo. O 5G é o futuro do agro, comunicação máquina-máquina. Mas, para que isso ocorra o 4G e outras formas de comunicação em áreas mais remotas precisam estar ativos”. O MAPA prevê outra parceria que leva em conta o sinal de satélite para pontos mais carentes de conectividade. Hoje, 156 pontos de conectividade via satélite estão previstos. “Conectar a área rural significa diminuir as distâncias, fixar o jovem no campo, levar informação e inovação”.

Apesar dos desafios, a diretora afirma que as tecnologias no campo mostraram que o Brasil está apto a oferecer alimentos com segurança alimentar. “A China se confirmou ainda mais como importador de alimentos do Brasil, de forma segura na pandemia. Os processos, os manejos devidamente adequados ratificaram nosso nível de qualidade nesse sentido”.

Outro aspecto considerado pelo grupo de debatedores foi a compreensão de conceitos tecnológicos pela sociedade. Canteri, informou que trabalha para a concretização do Centro de Inteligência Artificial no Agro desde final 2019. E, reconhece que Inteligência Artificial é um conceito ainda abstrato para muitas pessoas. “É uma dessas tecnologias disruptivas, como a internet foi anos atrás, mas o campo está caminhando junto”. Ele esclarece que a iniciativa privada, academia, sociedade e poder público estão envolvidos na criação do Centro. “Estão cada vez mais raros os financiamentos de pesquisas sem se vislumbrar a aplicação delas para a sociedade. O Centro vai fazer essa ponte”. Mais de 50 pesquisadores estão envolvidos, incluindo alunos da graduação e pós. Por enquanto, os estudos estão voltados para as doenças da soja, mofo branco e ferrugem. “Só a ferrugem custa R$2 bilhões ou em perda da lavoura ou com controle químico. Queremos um modelo de aplicação de IA nesses casos. Depois, vamos absorver novas demandas que a sociedade apresentar para o Centro”.

Quando o assunto foi o posicionamento das instituições nos ecossistemas, Haroldo Polizel destacou que, com a pandemia, houve aceleração da digitalização no campo e no atendimento. Com isso, foi preciso encontrar soluções ágeis para entregar respostas rápidas. 

Polizel acrescentou que o cooperado tem o hábito de ir até a regional, conversar, consultar preços e serviços. Quando as regras sanitárias de segurança para a saúde impediram esse contato presencial a cooperativa incrementou o atendimento remoto. “A Integrada sempre teve no DNA levar ao produtor informação. A cooperativa participa desde os primeiros hackathons, fomenta e incentiva a pesquisa. E, essa aproximação virtual com o cooperado tem ampliado ainda mais a busca por soluções dentro do campo”. Algumas parcerias foram fechadas nesse sentido, como com o hub do Senai. A Integrada também participa ativamente de linhas de pesquisas que focam na produtividade. “É difícil, às vezes, nesse início, monetizar, materializar o potencial que esse tipo de trabalho tem, mas o envolvimento do produtor tem sido rápido, porque ele está percebendo que o digital pode gerar mais produtividade. E, a gente vai canalizando os métodos para apoiar essas iniciativas”.

Ao final da Rodada, Sibelle afirmou que tangibilizar a conectividade para a sociedade é outro grande desafio, mas, concretizá-la pode levar o Brasil ao protagonismo no segmento. “Se elevar de 30% para 90% a conectividade no campo, o incremento no valor bruto da produção agropecuária poderia ser de 100 bilhões de reais. Será mais conteúdo, mais assistência técnica, mais renda e qualidade de vida para todos”.

Haroldo finalizou a participação na Rodada com a afirmação de que o caminho pela frente é grade e promissor. “Ano passado, discutindo planejamento estratégico, refletimos como a conectividade no campo ainda é uma barreira a ser vencida. No entanto, as gerações conectadas estão chegando e participando mais das decisões. Assim que a conectividade for uma realidade, ela tende a agregar mais valor ao campo, a gente acredita muito nisso. A Integrada está nesse processo e espera alimentar mais pessoas, esse é o propósito da cooperativa”.