O stress hídrico e as geadas impactaram na produção e na produtividade do milho, na maioria das regiões brasileiras.
No Paraná, os eventos climáticos extremos provocaram 58% de quebra na segunda safra de milho. O índice de perdas, em relação à safra passada, foi informado pelo governo do estado.
Segundo o DERAL – Departamento de Economia Rural, da Secretaria estadual de agricultura, a estimativa inicial era colher 14,6 milhões de toneladas de milho em 2,5 milhões de hectares. Sem chuvas suficientes, os agricultores paranaenses colheram 6,1 milhões de toneladas na mesma área plantada. Isso significa um prejuízo de R$ 12 bilhões na economia.
Ainda temos regiões colhendo e os negócios fechados serão honrados, em uma postura de seriedade e credibilidade construída pela Integrada em 25 anos de atividades.
Agora, é entender o que pode acontecer nas próximas temporadas, verão 21/22 e safrinha 2022.
Para compartilhar informação de qualidade, a Integrada realizou a live “Cenário atual e os impactos pós geada na cultura do milho”. A transmissão aconteceu nesta quinta (26), e teve como convidado o cooperado e doutor em economia aplicada pela USP, Alexandre Mendonça de Barros.
A transmissão ao vivo atraiu produtores e profissionais do agronegócio. A moderação foi realizada pelo superintendente comercial da cooperativa, João Bosco Azevedo.
Clima
Alexandre apresentou o cenário nacional e mundial do cereal. Iniciou a apresentação com considerações a respeito do clima, o principal agente influenciador das safras.
O especialista avaliou a correlação entre o aquecimento e o resfriamento das águas do Oceano Pacífico, e a ocorrência dos fenômenos climáticos El Niño e La Niña.
A partir dos estudos, o economista acredita que o próximo ano agrícola deve sofrer uma influência menor do La Niña, que indica, até o momento, sinais de neutralidade. No entanto, Alexandre alerta que podem ocorrer oscilações, com consequente alteração do clima, inclusive no Brasil, em alguns períodos.
Lavouras
O estudioso fez uma análise das consequências do clima para várias culturas. No caso do milho, de uma expectativa de colheita de 85 milhões de toneladas, o Brasil deve retirar do campo entre 59 e 60 milhões de toneladas. A seca levou ao atraso no plantio, que teve como reflexo perdas de produtividade, e o impacto das geadas, último evento climático a comprometer a produtividade do cereal.
Alexandre lembrou que o stress hídrico castiga o agronegócio brasileiro desde março de 2020. Com isso, o estoque de passagem do milho ficou apertado.
Ampliando o olhar, as pastagens foram prejudicadas, o que alterou a cadeia produtiva do gado de corte.
A cana de açúcar sofreu forte perda com seca e geada, especialmente, em São Paulo, principal produtor nacional. Os reflexos devem atingir os preços do etanol.
As geadas prejudicaram o café no Paraná e em Minas Gerais, maior produtor do grão. O estado mineiro sofreu as piores geadas em 27 anos.
E, com a bienalidade da cultura, o evento climático deste ano deve reduzir algo perto de 7 milhões de sacas de café, na próxima safra. Podas radicais e replantio, por conta das geadas, são as causas.
Citros e hortaliças seguiram o mesmo processo de perdas. O mercado reflete a baixa oferta e o consumidor a alta nos preços e a qualidade menor.
Safra 21/22
Com o atraso das chuvas registrado até o momento, o plantio da temporada 21/22 vai atrasar, como aconteceu na última safra?
Segundo o especialista Alexandre Mendonça de Barros, até agora, os modelos climatológicos não indicam que o atraso nas chuvas será tão intenso e duradouro como aconteceu em 2020.
“É provável que chova menos do que a média histórica em boa parte do país, mas a chuva não deve vir tão tardia como aconteceu em 2020”, avalia.
O especialista aproveitou para mostrar o possível comportamento do clima para os próximos 15 dias. “Pelo modelo americano de previsão, as chuvas estão entrando no Brasil, diferente desse mesmo período, no ano passado. Algumas pessoas não recomendam semear nessas primeiras chuvas, mas é certo que o perfil é outro”, considera Alexandre.
Estados Unidos
O cooperado e estudioso do agro, Alexandre, também fez a relação do comportamento do clima dos Estados Unidos, por exemplo, maior exportador mundial de milho, e possíveis reflexos para o Brasil.
Ele informou que o último relatório de plantio, divulgado pelas autoridades americanas, mostra que a área com soja não aumentou, e que a área com milho cresceu menos do que se esperava.
“Com áreas similares às do ano passado, precisamos ficar atentos ao potencial de produtividade americano. O país também enfrentou baixos índices pluviométricos, mas as chuvas estão chegando por lá, até com alguns locais com excesso de água. Em resumo, os Estados Unidos não vão ter uma safra ruim, o que reflete nos preços mundiais”, conclui.
Preços
Apesar de estar prevista uma grande safra americana, a demanda mundial também aumentou, especialmente no setor de proteína animal. Com esse jogo da oferta e demanda favorecendo quem tem matéria prima, e até a ração pronta, os preços devem se manter em patamares acima da média, pelo menos até a entrada da primeira safra de 2022.
Além disso, o estoque de passagem está muito baixo, na opinião do especialista. A Conab divulgou que começou a safra 2020/2021 com um estoque de milho de 10, 6 milhões de toneladas e deve fechar o ano agrícola com pouco mais de 5 milhões de toneladas.
Para Alexandre, esses números são preocupantes tendo em vista que a demanda por milho no setor de carnes não caiu. “Pode haver algum desalojamento de aves e suínos, mas ainda não aconteceu”, explica.
Logística mais cara
Diante do que classifica como um cenário de desafios para o agronegócio do Brasil, Alexandre fez um alerta: está preocupado com a possibilidade de uma alta exagerada nos custos com insumos, principalmente no Paraná.
A principal razão é o risco de falta de fretes de retorno, no Porto de Paranaguá, em novembro e dezembro, meses nos quais normalmente a frota de caminhões, principalmente, mas também de trens, leva milho para exportação e volta com fertilizantes e trigo importados.
O economista aponta vários elementos para chegar a essa preocupação. “Até março os estoques de milho estarão baixos, o que reduz a oportunidade de exportação em novembro e dezembro. Além disso, o período é de forte consumo de fertilizantes, com vistas à safra de verão. Junte-se o cenário incomum de aumento na importação de milho e de etanol. Ou seja, será o frete destino porto mais caro, porque será uma viagem apenas para buscar produtos importados”.
A live sobre o cenário do milho no Brasil aconteceu no canal da Integrada no Youtube e recebeu muitas visualizações. Os participantes fizeram perguntas, mediadas pelo superintendente comercial, João Bosco, e respondias com atenção pelo economista convidado. Novamente, a direção da cooperativa entregou informação de qualidade para dar suporte ao cooperado neste momento de tomada de decisão para a próxima safra.
Para ver ou rever a live, acesse: